"Não se iluda, minha calma não tem nada a ver... Sou bandido, sou sem alma e minto..."

"Não se iluda, minha calma não tem nada a ver... Sou bandido, sou sem alma e minto..."

segunda-feira, 4 de março de 2013

Balanços


Rogar ao futuro.
Exigir garantias, que não existem.

Oscilamos.
Balançamos.
Quase caímos.
E nos arrependemos?

Sentir o viver e quase morrer.
Tornar o enigma em sentido,
se perder.
Fazer da dúvida a luta contra o perigo.

Pensar no passado como se fosse futuro.
Cavar o coração seco.
Encontrar os sentimentos como se violasse túmulos.

Profanar os sentidos.
Viver o presente com dias felizes
e outros nem tanto.

Pintar os tons e semitons.
Fazer de nossas vidas aquarelas de emoções.

O degradê performático das dores
e de amores:
-Querer o rosa.
O vermelho arrebatador.
Conviver com o azul e escutar um blues.

Esfriar a cabeça na tempestade e viver sentindo...

(Resta-nos comemorar por estarmos vivos?)

Juntar o seu amarelo com o meu azul
e fazer de verde os dias de bonança.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Tentações


Da janela
explodem sorrisos.
E assim,
diria o sábio,
floresceriam ipês
rosa-arroxeados,
que nos fazem
emudecer.

Noutro dia,
vi seus dentes brilharem,
saíram fios de vento,
soprados por diabos barulhentos.
Com tanta força e maldade
fizeram raízes
feito pernas se tocarem

E de fundo,
fitaram-se os olhos
e os ventos diabólicos
verteram-se em brisas virginais;
frias e úmidas,
sugando dos rostos
rubras maçãs matinais.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Thame

Sem eu ter
          ame
Por hora te chamarei:
- Thame.

É preciso que se ame?

Por hora, Thame.
Imprecisamente
              ame...

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Maceió - São Paulo

Difícil não perceber
em frente ao mar
é mais fácil chorar.
A cada lágrima que brota,
o vento insiste enxugar.

Não que Maceió seja perfeito.
Não tenho esse direito,
nem estou aqui para julgar.

É que São Paulo é uma grande figura,
de uma intensa misura,
tão difícil de amar.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Manguezais


Por que vives,
se existir
é um erro?

                           Vivo
por ser
                 Mangue.
  Minhas raízes
                            suspensas
                                                    permitem
                                                      voar.

                                    Parte de mim,
                                        o mar
                            sólido
                    sal
  tempera
  lágrimas.

A terra
que toco            
                         é qualquer lugar.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Terra árida


Chegar em terra árida,
devastada!
Terra que destrói.
Sonhos.

Árido
é o sentimento.
Queima os olhos,
enche-os de lágrimas.

A terra tem o direito de nos secar?
Podemos fazer tempestades para a terra aguar?

Realidade,
seca o peito.
Deixa o homem árido
sem sentimentos?

De tanto doer,
a lágrima secou,
 o homem esqueceu
seu nome,
seus amigos,
estranha a própria terra.

Quem dera reencontrar a chama
acesa no peito,
que inflama.
As pernas trêmulas,
a voz rouca
e se engana.

A secura dessa terra
trará tragédias?
A secura dessa terra
mudará destinos?
A secura dessa terra
transformará meninos
em homens...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A gota caída...


Toda poesia é como uma
                                       gota
                                           de
                                        água
                                              caída
                                              no copo.

        Trans
                 bor        
                        da.

O sentimento
expresso no papel
borda
a tela,
o filme,
ou a música.
E lembra
algo
instalado
                         no meio
                                        do peito.
                                        Daquelas coisas
                                        que transformam
                                        o coração.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Flor de ébano


Como queria
você.
Na cama,
nossos corpos em pelo.
Admirar sua pele
negra e macia.

Assim,
estudar a flor,
que marca
sua anatomia.

Com o cheiro do teu corpo
nos lençóis
deixar vestígios
e tornar gemidos
em poesia.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sou Maria


Se és maria
e te apontam a faca.
Atira o que tem na mão
mostre os espinhos que têm as rosas.

Se te manda calar,
e te esgana.
Ganhe a força por todas Marias
prove que também és feita de músculos.

Se ainda assim diz que te ama,
e te manda uma carta.
Não se iluda!
Corra!
Pois Maria não é para ser enganada.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Algo mais sobre Maria


Maria,
ponha-se a escrever.
Se tua beleza refletir nos teus versos,
se seus sentimentos andam tão dispersos.

Se teu rosto,
Maria,
carrega as cicatrizes da vida.
Seu poema é a faca.
Defenda-se!
Escreva-o.

Adentre em vão nos sentimentos.
Sinta esse amor escancarado.

Não se prenda,
Maria,
és bela.
Não implores!
exija do poeta
os teus versos roubados.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Ruptura



Li cartas,
bilhetes
e muitas mensagens;
só para recordar.

Por que tanto esforça para esquecer?
É enigma.
São retalhos.
A mágoa mais forte que os sorrisos escancarados?

Ainda resta
aquele quadro na pardede do quarto
os resquícios da tua caligrafia.

Se te perdi?
Chagas não mentem.
Guardo tudo no armário!

Deixo pra ti
uma dose de gim,

e assim seguir
o nosso itinerário.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

As reminiscências de um mal estar desconfiado


Às vezes eu tenho a poesia.
Viva!
Em minha cabeça.

Não fujas poesia!
Necessito lembrar dos laços.
Das vidas passadas diante da minha própria vida.

Sou poeta recortado.
Falo de amor
e de tristezas também,
as saudades
dos vários tons de verdes
da mistura dos vários “eu”s.

Um que sofre,
outro que goza.
Esse que reflete
Aquele que simplesmente beija
e este que se autocritica.


E eu?
perco-me,
obsessivamente,
em pensamentos picotados,
nas lembranças esquecidas,
em poesias não construídas.

Cada palavra perdida,
é um amor que não vira poema,
é a lágrima que teima em não descer,
a angústia dilacerante que atormenta o peito.

O pior é saber:
A poesia que ousa não terminar,
que se perde em lapsos de vida
sem a garantia de se completar.

Esse quebra cabeça,
de peças mal encaixadas
e recortes imprecisos.
Traz a imagem borrada
de um rosto desfigurado
por violência a alma
e pela madeira,
que castiga o corpo.

Ah, a nossa memória.
Trai-nos constantemente.
Finge-se de torta.
Faz curvas e rodopios
até se tornar consciente?

O choro compulsivo
Revela o poeta traído.

(Suspiro e tomo coragem)

Mas mesmo assim
mostra sua poesia.
Sem medo de risos
ou picardia.


Não é obra prima.
Mas cada palavra é uma gota
daquele suor frio angustiado?
Das vísceras que se retorcem
reveladas em poema?
Tudo isso porque me pus a escrever
sobre este mal-estar desconfiado.

sábado, 17 de novembro de 2012

Afogados


Mágoas,
bom seria não tê-las.
Nem bons motivos.
Inundam
nossa terra
e os olhos.

Tempestades!
Afogarei
no copo do aguardente
e na cerveja gelada.
O gosto do trago.
Enche mentes
de fantasias?

Ai!
Agonia.
Angústia desenfreada.
Aquele mar salgado
não distinguiria minhas lágrimas?

sábado, 10 de novembro de 2012

Transferência


Gritar
à plenos pulmões:
somos loucos!
Correr,
pular
e quitar-se dos pudores.

Roupas,
sapatos,
e seus medos.
Jogados...
Fúria com aquilo que oprime.
Horas e horas de angústias.

Não te querem.
Querem um deus.
Com o toque:
“A cura”
com uma palavra:
“O conforto”

Quando ofereces a dúvida?
“O desprezo”
Quando enfrentas ideologias?
“A negação”
E quando ofereces mentiras?
“Sinceras?”
Agora sim temos uma relação...

sábado, 3 de novembro de 2012

Primavera onírica (Inverso dedicado à G.S.D.)


Beijo a flor
Delicada
Odores
Bela e perfumada.
(Fecho os olhos)

Sonho.
Deitada no jardim.
Lindo!
Com diversas flores.

Amores?
Rosas.
Violetas?
Adoro elas...
Não importam as cores.

domingo, 14 de outubro de 2012

Marcas na pele


O pelo que encrava
na pele pintada
em leves tons de velhice.

Sol,
ilumina a face!
Deixa tuas marcas.
Tempo...
Nas rugas entalhadas,
ainda sorri.

O brilho nos olhos,
à sombra do cansaço,
vulto de uma mente pueril.

O tempo esculpe.
Mente jovem,
corpo velho.
A sina estampada na cara.
Das rugas.
Da finitude.

A face amplia-se,
Os cabelos caem.
A branquitude.
Sabedoria?

Enquanto houver luz,
questionamentos,
indignação.
(um lapso de memória...)

A obra acaba incompleta.
Voltar ao pó
e a terra fertilizar...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Transcrito do sânscrito


Pensei,
escrevi.
A poesia que não era panfleto.

Prefiro,
e me inspiro.
Poesia ensimesmada,
reflexiva.
Que adentra
as vísceras.

Sussurro,
no escuro.
A poesia safada,
aspirada,
inspirada,
eriçando os pelos.

Transcrevo.
Aquela poesia esquecida
das estantes do pensamento.
Lembranças!
Os desejos,
o que falar deles?
(Respiro forte)

A poesia é livre.
Para ser esta,
essa,
ou aquela.
Onde:
nunca é sempre;
sempre é talvez,
mas tem “talvezes”...
Que a tornam metapoesia.

domingo, 23 de setembro de 2012

Um camarada (à Manoel de Assis)


Já destilamos ofensas.
Por admiração
e arrogância.
Reconhecíamos seus feitos.
Mirávamos na televisão
e estavas falando.
Socialismo,
 trabalhadores
e política...
Somos jovens,
queremos isso!

Parecia mais forte
e mais intelectual.
Era apenas um operário
de uma firmeza de invejar.
Revolucionário!
Com uma fé no futuro,
inabalável!
O seu melhor para humanidade
fica guardado em nossos corações
e mentes.


Trabalhador,
como muitos.
Sem posses,
pobre.
Desempregado.
Um herói;
não daqueles
que pensam somente.
Daqueles que lutam,
incansavelmente,
por toda uma vida
e têm legado para deixar!
Àqueles mesmos jovens,
arrogantes,
que chegaram a te desprezar.

Admiramos-te mais ainda.
Daquela arrogância,
vergonha.
Deixamo-la de lado.
Imaginamos-te de vermelho.
O rubro não ressentido.
A pálida face.
O gélido leito.
Choro.
Já sentimos saudades.
E luto.
(Suspiros)

Ora, não te vi nesse momento,
mas senti.
Li e não acreditamos nas notícias.
Páginas e páginas das fotografias do teu corpo
Revelavam:
Ele voltou, com fome!
Consumindo cada grão do teu decrépito corpo.
Sua cabeça não quer descansar.
Porém suas lembranças também serão consumidas.
(Últimos suspiros)

É o fim...
Descansou o descanso dos justos.
Num mundo injusto!
Lutou, até onde foram suas forças
(Mais luto.)

Uma vida, um legado
E o respeito por quem nunca se vendeu
Nunca se curvou
E por que nós deveríamos nos curvar?
(Mas luto?)

Viver, indignar-se.
Como não há de se sentir náuseas neste mundo?
Uns tem suas vidas abortadas assim:
explorados;
cancerificados nas caldeiras das indústrias;
exala-se o tóxico,
trabalha-se,
morre.
(Sim, nós lutaremos!)

Camarada Manoel?
Sempre presente...


                                                                              







sexta-feira, 18 de maio de 2012

Último trem

Doce desamparo.
Noite;
acordado.

Despedir-me?
É sinal.
O trem das onze,
é o último?

Ouço o som.
Apito sonoro incômodo.
Puro despreparo.
Adeus?
Ou volto logo?

Beijos, afagos.
Sempre é triste
as despedidas.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dias e noites à Eduardo Galeano

Vivemos.
Em dias de paz
e guerra.
Encontros.
Dias distantes.

Entre amores,
estradas
e reencontros.

Noites de festas
e viagens.

Entre lutas,
reuniões
e divertimento.

Felizes, mesmo insones.
Leves feito espuma.

Nossas vidas.
Cheias de dias e noites
de paz, amor e saudades.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Coração decidido


Liberdade!
Dentro de mim
e de ti.

Duro desarmar-se.
Peito aberto?
Coração ferido?

Liberte os sentimentos.
Rompa com os grilhões
dos falsos amores.
Abaixo ao amor que não é libertação.

Seja a favor,
sem punhais ou espadas,
Daquele amor:
leve,
dos fins de semanas
e sem dor.
Massagens,
Muitos sorrisos.
Com direito aos cinco sentidos.

Difícil?
Os grilhões aos quais te acorrentaram
são mais que centenários.
Aprecio o esforço;
a tentativa frutífera de se livrar do passado.
Esperança?
No novo,
naquilo que não foi provado.

Seja juntos,
ou distantes
há algo de novo no teu peito.
Comemore as conquistas
e ter-me-á sempre ao teu lado.

terça-feira, 17 de abril de 2012

(IM)PRECISO

Vida.
Cheia de contornos imprecisos
e cores mal definidas.
Idas;
vindas.

Pele.
Distância?
Até em sonho há de se encontrar.

Destino?
Não!
Acredito no beijo,
sorrisos,
nada de planos.

Lápis,
papel,
Borracha.

Pincel,
quadro.
Aquarelas de cores.
Da tristeza do cinza,
ao alegre amarelo do alvorecer.

Essa é a vida.
Linhas tortas,
letras borradas.
Sem roteiro preciso.
De cores borradas.
Sempre no esforço de um dia acertar.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Reencontro

De súbito, eis que a semana vira santa.
Entre os encontros
o coração a palpitar.
A antiga lembrança
nova será.
Teus cabelos lisos,
seu sorriso fácil.
Que pele macia!
Timidez momentânea.
As duas mãos se encontram.
Cerra-se a porta.
No som uma balada conhecida,
dois corpos entrelaçados.
A esperança do reencontrar.
Beijos como a prova do carinho,
a felicidade ao conversar.
Na despedida:
Medos e dúvidas,
Sorrisos e mais beijos.
Lágrimas felizes de saudades.
E o reencontro?
Algo que só o tempo nos dirá.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Queimadas

Sou vento.
Arredio,
sopro ali e acolá.

Não posso ver chama.
Assobio
para ela alimentar.

És fogo.
Tens brilho próprio,
mas precisas de alguém
para alimentar-te?

Eu sei,
se sou vento
e és fogo,
nunca me cansarei
de ao simples suspiro
prover a tua chama
do mais puro oxigênio
e aumentar a tua fome.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

São Paulo-Maceió

Difícil acreditar.
Sons de carros
e janelas
fizeram-me recordar
o barulho das ondas
e o verde do meu mar.

Não que São Paulo
seja tão Maceió.

Talvez devaneio,
ou saudades do meu lar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vento e Terra

Sou vento,
estabanado
e afoito;
sopro em qualquer direção.

Ora sou brisa,
fina
e calma,
acariciando tua face.

Ora sou tempestade,
impaciente
e impulsivo,
rompendo teus tímpanos.

Ora sou sul,
frio
e seco,
ignorando tua presença.

Ora sou tropical,
quente
e úmido,
levando-te a gozo.

Se sou vento,
por que ousas prender-me?

Logo tu,
que és terra.
Firme,
forte
e que chora ao ser agredida.

Talvez,
terra,
não consigas me prender.

Talvez,
terra,
pretendas me acalmar.

Torna-me-ei brisa,
um vento quente e úmido dos trópicos,
só para te agradar?

Sem mim,
terra,
não fertilizarás?
Não brotará de ti
fruto sequer?

E sem tu,
terra,
não poderei mais
percorrer
toda essa imensidão?

Sem a terra
eu perco meu direito
de existir?

Se sou vento
e és terra.
Espalho-te pelo mundo,
para sempre ter
um pedaço de ti.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Manifesto

O punhal
encravado em minha carne
é a verdade
soluçada em pranto.

Toda cólica
tem um pouco de cólera,
de vísceras retorcidas
em dor.

Gostaria de falar
das alegrias cotidianas,
da alvorada barulhenta
e do quarto
sem ângulos retos.

Obtuso aos problemas,
agudo no sofrimento.
Estou farto dos sentimentos retos.

Incongruentemente,
vivo.

Viva toda cólica,
todo sentimento
nascente da mais pura
angústia!

Só acredito naquilo
que dói,
que aperta o peito,
ou que faz o coração saltar.

Abaixo todo sentimento
encarcerado
no gradil das costelas!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

- Poema pílula II -

Se o mar estivesse aqui,
seria mais fácil chorar.
As lágrimas iriam se confundir
com todo esse gosto salgado.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dialética da Saudade

Uma tristeza-feliz,
ou uma felicidade-triste?
A melancolia depressiva dos domingos.
A nostalgia das boas lembranças

Saudade,
ora triste,
ora feliz,
ora os dois.
A representação do novo,
o movimento ativo
da união de contrários.

A palavra que falta em outras línguas.
Síntese de tudo que é humano,
e por sinal, concreto.
Materialmente dialético.

domingo, 11 de julho de 2010

- Poema pílula -

Dentre as formas de se matar
escolhi a mais lenta.
Sofrer, sofrer e sofrer;
para ver até onde meu corpo aguenta.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Espelho

Ao olhar no espelho
a imagem refletida
não é a mesma.
Sonhos, medos e feridas
tudo novo
inclusive essa lágrima.

Vejo-me um homem
melhor.
Derrotado?
Não mais.
Talvez confuso,
sem paz.

Esse reflexo distorcido.
Com partes nítidas,
outras nem tanto.

Por hora resignado
a sofrer
e, paradoxalmente,
proteger.

E o espelho não é apenas retrato.
É movimento.
É mudança.

Se houver certeza,
de te amar.
Talvez seja tarde.

Mas quem nunca teve medo de sofrer.
Resignar-se-á a lutar por seu amor.

Esse espelho é vidente.
Não só vê futuro,
mas também passado e presente.

sábado, 3 de maio de 2008

Sólido

Distantes
encontram-se.
Clarões,
ardentes lampejos.
Filmes.
A grande produção de Morfeu
não respeita distâncias.

Antes fosse o deleite
real.
Próximos,
corpos em brasa.
Poluindo o ar.
A negra ,
bela
fumaça do amar.

Verto-me em paixão.
Inclino-me,
venero minha musa.
Subverto os sonhos.

Desperto
entre lençóis.
O travesseiro, sua amante.

Só lido;
sólido.
Lido
só.
Só, li dó.

domingo, 27 de abril de 2008

Duas Paixões

Sinto o cheiro,
fumaça.
Tóxica paixão
traz-me pigarro.

Na outra mão;
fragrância
exala o jasmim.
Doce paixão em flor
traz-me saudades.

Enquanto a distância separa,
lembro-te no perfume da flor.
Contento-me com o odor.
(acendo outro cigarro)

O doce trago da lembrança,
da antítese olfativa.
Por aquele lindo jasmim
abandono o irresistível cigarro.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sonhos e saudades

Se em saudade
o corpo sente
a palavra perdida.

A alma perdida
e o corpo doente.
(Suspiros)

O encontro de vozes distantes;
de corpos separados,
sofrem.

O pombo-correio se apressa,
notícias chegam com velocidade
e diminui distâncias.

Em sonhos,
os corpos se encontram,
os lábios se tocam
e o gozo reprimido
explode.

Em face a tal acontecimento,
esforçam-se
a se encontrar durante a noite
em devaneios oníricos,
esperando amar,
mesmo que a matéria não se toque.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Resposta ao poeta fragmentado

Poeta displicente.
Faz-se de vítima,
perde o que sente.

Papel
lápis
borracha
caneta.

Uma bolsa.

Poeta preguiçoso,
ridículo.
pensa
transpira
quase que pira,
mas não escreve o que sente.

Sentidos
olhos
ouvidos
Atentos?

Momentos perdidos
e o poeta mente,
arruma desculpa,
se recusa da labuta.

Vergonha?

Sem vergonha!
As lágrimas caem
de um decepção pungente.

Oh, danado de poeta.
Escreva logo o que sente...

Fragmentos de um poeta

Anda na rua,
pensa,
contempla.

Respira,
inspira.
Expira,
inspira a ação.

Transpira,
molha a face.

Procura o lápis,
o papel.

Vasculha,
quase chora.

(silêncio fúnebre)

Bolsos vazios,
situação abjeta.

Ele mensura as perdas.
Não consegue.
Esquece.

A poesia sumiu.
Desfez-se o poeta.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Quando dois corpos ocupam o mesmo lugar no espaço

Toda gota d'água caída de um temporal,
toca o chão e faz-se música.
Molha o rosto e a nuca.
Faz do dia a imagem vagal.

Dois corpos molhados se encontram,
tocam-se em chamas, emitindo ruídos.
O gozo deixa o ar poluído,
o sono chega e os corpos descansam.

E a luz dos raios de sol trazem alegria,
esquenta a água, o chão e o ar.
A cama volta a soluçar
e os corpos desnudos vertem-se em euforia.

A noite e o dia,
o sol e a lua,
O sono e o orgasmo,
O silêncio e o barulho.
Nada faria sentido;
Sem dois que se procuram e se acham

E vem o homem, transmuta-se em deus.
Transforma o amor em um sentimento frusto,
separa-se sem nada a explicar

E o choro?
surge da noite,
de um olhar triste e vacilante,
que transforma-se,
sob o olhar penetrante
de dois olhos amantes.

Não importa, distância ou insegurança,
o vil e mesquinho sentimento da desconfiança,
pois estes dois corpos
estão destinados a se encontrar.

E do encontro?
Beijos, carícias.
Toques, faíscas.
Abraços que fazem o corpo tremer,
do encanto que só a paixão é capaz de provocar.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

O ébrio e o bar (a Y. F.)

Em meio a arranha céus,
surgem dois grandes olhos:
castanhos,
da cor de mel.


Em meio ao bar,
álcool e olhares.
Conversas vulgares,
cachaça com mel para tragar.

Em meio a música,
seu canto.
Encanto de sereia,
enebria em teia.

Em meio ao luar,
o solitário vagueia.
O instante incendeia,
a esquina a brilhar.

E no mar,
emerge o mito.
Hipnotiza com um grito,
o apaixonado a chorar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

na Laje Sentado em Dia de carnaval...

É o carnaval que nos sustenta?
De certo, todas as existências
Na luz mais pura de nossas essências;
confluem no furor:
O carnaval, é carnaval
Nem de samba, nem de breque
Pulso, ritmo torto,
que em voz entoa.
Carnaval, esquece-me!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Quando morre o amor...

Todo fim de amor é como uma inflamação:
incha o peito,
dói a alma,
deixa rubro o rosto,
e faz ferver a mente...

Não adianta antibióticos,
analgésicos,
ou até mesmo anti-inflamatórios.

Quem dera o corte do bisturi,
com seu canto seco e preciso,
sarjar esse mal.

De maneira inexplicável,
verte-se em câncer,
transforma-se em ódio.

Célula por célula enche-se de rancor;
as glândulas produzem tristeza,
que se espalha pelas veias.

O ar repleto de indiferença sufoca,
mágoas causam indigestão,
as angústias não saem pela urina
e ficam presas no coração.

O corpo tenta lutar;
o fígado não mais funciona,
rins, pulmões e cérebro também.

Não adianta prescrever transplante.
O único atestado, mais uma vez, é o da morte.

sábado, 3 de novembro de 2007

Chapaixão...

O cheiro de plástico impregna o ar
E a mente não ousa pensar;
Só age.
Tiro solto no ar,
Imagem congelada;
Suicida, com sua grande paixão
E, lentamente, a bala teima andar;
Aproxima-se,
Colide
Morto! Estendido no chão.
Já não pode mais respirar...


03/11/2007
Pinky

domingo, 2 de setembro de 2007

Plenitude

A plenitude inconstante
O soluço incontido
A lágrima vacilante
O coração abatido.

Seu sorriso, seu olhar
Sinto-os constantes
Saudades no ar
Do seu rosto infante.

As palavras proferidas
O choro no instante,
Essa vida desmedida
De distâncias rompantes.

Quem sabe um dia
A mais triste alegria,
Façam-se os mundos distantes
A vizinhança incessante.

Voltaria a ser pleno
Neste mundo nefasto,
Ao ver seus olhos
Brilharem no espaço.

Inevitável tristeza
Que me abate e dói,
Incomparável beleza
Que seu sorriso constrói.

Seu jeito menina
Cativa-me, ensina-me
A pureza da vida
Minha alegria vivida.

Nesse ínterim desfaço
Meus versos, nem alegres nem tristes
Sentimentos intensos
De um garoto que existe...

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Anatomia dos amantes...


Olhando teu rosto,

Penetrando nos teus olhos;

O brilho intenso do teu sorriso,

Impede-me de dissecar o teu corpo.


Sou anatomista, disseco almas.

Meus olhos te analisam,

As mãos se insinuam

E você na gélida pedra.


Quero corta-te.

Não com bisturi

A mim só me interessam palavras e carícias.


Entrega-te, não te machuco;

Entrega-te, eu te darei prazer;

Entrega-te e não tenha medo;

Só disseco os sentimentos.


Intestinos, baço, pâncreas, fígado?

Não.

Olhares, sorrisos, alma e orgasmo.


E no fim, só resta o prazer de te colocar no colo;

Beijar-te e amar-te.

E, por fim,

Ficar com meu barco a deriva.


Solto na maré alta.

Solitário pirata que ama;

Que não abandona o barco.

Seja na calmaria,

Seja quando se vê em naufrágio.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Sexo perante o sexo... Amor perante o amor.


O que tem no sexo?
Tudo antes, o sexo
Que mal faz, sexo
Eu quero fazer, sexo
O que é, o sexo?

Viver de sexo
Fazer o sexo
Pensar no sexo
As diferenças do sexo...

Onde está o amor, senão o sexo...
Existe amor sem sexo?
Qual a diferença entre amor e... o sexo?
Fazer amor, ou sexo?

Sexo é vai e vém, repetição...
E o amor? Simples menção
Uns dizem, quero amor, não quero sexo...
Outros: só sexo
E eu? Amor e sexo?

O que vale mais, amor ou sexo?
Amor ou sexo, cada qual seu momento
Ora quero amor
Ora sexo
Desejo sexo todos os dias
E o amor
Uma, no máximo duas ou três vezes na vida...

sábado, 25 de agosto de 2007

Angústia



Todas as sensações singulares de ausência

Confluem em um cavalar sentimento;

De total decadência

Garganta travada, em sufocamento.


Todos os pensamentos vagos e distantes

Uma esperança de improváveis acontecimentos;

De intermináveis instantes

Peito apertado, em sufocamento.


De que vale minha angústia?

Por hora me destrói

Impede-me de reagir e refletir

O que é real?


As palavras fogem

Uma cama, um cigarro,

Luzes no monitor

Não insista, diz minha consciência;

Só resta o silêncio...

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Aguardo Resposta...

Só me resta o cigarro
Nem beijo, nem escarro
Nem mão, nem pedra
Sem chão e em queda

Só me resta essa vontade de fumar
Queria até beijar
Essa dor repetida no peito

Fumar até que o câncer me adoeça
O câncer de sofrer repetidas vezes
É melhor jogarem pedras na minha cabeça

A paixão para mim é estranha
Cheia de palavras e momentos desconexos
Cheia de dor e cigarros
Chega de dor e cigarros!

Vou desligar esse monitor
E parar de falar do dissabor
Vou ligar para você
E te dizer:
"Vamos, saia comigo,
eu não mereço esse castigo"

Pronto, acabei, te liguei!
Caixa postal, que droga!
Recado dado e só me resta aguardar a resposta...