Olhando teu rosto,
Penetrando nos teus olhos;
O brilho intenso do teu sorriso,
Impede-me de dissecar o teu corpo.
Sou anatomista, disseco almas.
Meus olhos te analisam,
As mãos se insinuam
E você na gélida pedra.
Quero corta-te.
Não com bisturi
A mim só me interessam palavras e carícias.
Entrega-te, não te machuco;
Entrega-te, eu te darei prazer;
Entrega-te e não tenha medo;
Só disseco os sentimentos.
Intestinos, baço, pâncreas, fígado?
Não.
Olhares, sorrisos, alma e orgasmo.
E no fim, só resta o prazer de te colocar no colo;
Beijar-te e amar-te.
E, por fim,
Ficar com meu barco a deriva.
Solto na maré alta.
Solitário pirata que ama;
Que não abandona o barco.
Seja na calmaria,
Seja quando se vê em naufrágio.