"Não se iluda, minha calma não tem nada a ver... Sou bandido, sou sem alma e minto..."

"Não se iluda, minha calma não tem nada a ver... Sou bandido, sou sem alma e minto..."

sábado, 3 de maio de 2008

Sólido

Distantes
encontram-se.
Clarões,
ardentes lampejos.
Filmes.
A grande produção de Morfeu
não respeita distâncias.

Antes fosse o deleite
real.
Próximos,
corpos em brasa.
Poluindo o ar.
A negra ,
bela
fumaça do amar.

Verto-me em paixão.
Inclino-me,
venero minha musa.
Subverto os sonhos.

Desperto
entre lençóis.
O travesseiro, sua amante.

Só lido;
sólido.
Lido
só.
Só, li dó.

domingo, 27 de abril de 2008

Duas Paixões

Sinto o cheiro,
fumaça.
Tóxica paixão
traz-me pigarro.

Na outra mão;
fragrância
exala o jasmim.
Doce paixão em flor
traz-me saudades.

Enquanto a distância separa,
lembro-te no perfume da flor.
Contento-me com o odor.
(acendo outro cigarro)

O doce trago da lembrança,
da antítese olfativa.
Por aquele lindo jasmim
abandono o irresistível cigarro.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sonhos e saudades

Se em saudade
o corpo sente
a palavra perdida.

A alma perdida
e o corpo doente.
(Suspiros)

O encontro de vozes distantes;
de corpos separados,
sofrem.

O pombo-correio se apressa,
notícias chegam com velocidade
e diminui distâncias.

Em sonhos,
os corpos se encontram,
os lábios se tocam
e o gozo reprimido
explode.

Em face a tal acontecimento,
esforçam-se
a se encontrar durante a noite
em devaneios oníricos,
esperando amar,
mesmo que a matéria não se toque.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Resposta ao poeta fragmentado

Poeta displicente.
Faz-se de vítima,
perde o que sente.

Papel
lápis
borracha
caneta.

Uma bolsa.

Poeta preguiçoso,
ridículo.
pensa
transpira
quase que pira,
mas não escreve o que sente.

Sentidos
olhos
ouvidos
Atentos?

Momentos perdidos
e o poeta mente,
arruma desculpa,
se recusa da labuta.

Vergonha?

Sem vergonha!
As lágrimas caem
de um decepção pungente.

Oh, danado de poeta.
Escreva logo o que sente...

Fragmentos de um poeta

Anda na rua,
pensa,
contempla.

Respira,
inspira.
Expira,
inspira a ação.

Transpira,
molha a face.

Procura o lápis,
o papel.

Vasculha,
quase chora.

(silêncio fúnebre)

Bolsos vazios,
situação abjeta.

Ele mensura as perdas.
Não consegue.
Esquece.

A poesia sumiu.
Desfez-se o poeta.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Quando dois corpos ocupam o mesmo lugar no espaço

Toda gota d'água caída de um temporal,
toca o chão e faz-se música.
Molha o rosto e a nuca.
Faz do dia a imagem vagal.

Dois corpos molhados se encontram,
tocam-se em chamas, emitindo ruídos.
O gozo deixa o ar poluído,
o sono chega e os corpos descansam.

E a luz dos raios de sol trazem alegria,
esquenta a água, o chão e o ar.
A cama volta a soluçar
e os corpos desnudos vertem-se em euforia.

A noite e o dia,
o sol e a lua,
O sono e o orgasmo,
O silêncio e o barulho.
Nada faria sentido;
Sem dois que se procuram e se acham

E vem o homem, transmuta-se em deus.
Transforma o amor em um sentimento frusto,
separa-se sem nada a explicar

E o choro?
surge da noite,
de um olhar triste e vacilante,
que transforma-se,
sob o olhar penetrante
de dois olhos amantes.

Não importa, distância ou insegurança,
o vil e mesquinho sentimento da desconfiança,
pois estes dois corpos
estão destinados a se encontrar.

E do encontro?
Beijos, carícias.
Toques, faíscas.
Abraços que fazem o corpo tremer,
do encanto que só a paixão é capaz de provocar.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

O ébrio e o bar (a Y. F.)

Em meio a arranha céus,
surgem dois grandes olhos:
castanhos,
da cor de mel.


Em meio ao bar,
álcool e olhares.
Conversas vulgares,
cachaça com mel para tragar.

Em meio a música,
seu canto.
Encanto de sereia,
enebria em teia.

Em meio ao luar,
o solitário vagueia.
O instante incendeia,
a esquina a brilhar.

E no mar,
emerge o mito.
Hipnotiza com um grito,
o apaixonado a chorar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

na Laje Sentado em Dia de carnaval...

É o carnaval que nos sustenta?
De certo, todas as existências
Na luz mais pura de nossas essências;
confluem no furor:
O carnaval, é carnaval
Nem de samba, nem de breque
Pulso, ritmo torto,
que em voz entoa.
Carnaval, esquece-me!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Quando morre o amor...

Todo fim de amor é como uma inflamação:
incha o peito,
dói a alma,
deixa rubro o rosto,
e faz ferver a mente...

Não adianta antibióticos,
analgésicos,
ou até mesmo anti-inflamatórios.

Quem dera o corte do bisturi,
com seu canto seco e preciso,
sarjar esse mal.

De maneira inexplicável,
verte-se em câncer,
transforma-se em ódio.

Célula por célula enche-se de rancor;
as glândulas produzem tristeza,
que se espalha pelas veias.

O ar repleto de indiferença sufoca,
mágoas causam indigestão,
as angústias não saem pela urina
e ficam presas no coração.

O corpo tenta lutar;
o fígado não mais funciona,
rins, pulmões e cérebro também.

Não adianta prescrever transplante.
O único atestado, mais uma vez, é o da morte.