Sou vento,
estabanado
e afoito;
sopro em qualquer direção.
Ora sou brisa,
fina
e calma,
acariciando tua face.
Ora sou tempestade,
impaciente
e impulsivo,
rompendo teus tímpanos.
Ora sou sul,
frio
e seco,
ignorando tua presença.
Ora sou tropical,
quente
e úmido,
levando-te a gozo.
Se sou vento,
por que ousas prender-me?
Logo tu,
que és terra.
Firme,
forte
e que chora ao ser agredida.
Talvez,
terra,
não consigas me prender.
Talvez,
terra,
pretendas me acalmar.
Torna-me-ei brisa,
um vento quente e úmido dos trópicos,
só para te agradar?
Sem mim,
terra,
não fertilizarás?
Não brotará de ti
fruto sequer?
E sem tu,
terra,
não poderei mais
percorrer
toda essa imensidão?
Sem a terra
eu perco meu direito
de existir?
Se sou vento
e és terra.
Espalho-te pelo mundo,
para sempre ter
um pedaço de ti.
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